O Movimento Slow (ou Slow Movement) preconiza que vivamos no ritmo adequado para o bem-estar e desenvolvimento pessoal, social, comunitário e ambiental.
O Slow Movement é um movimento internacional, que teve a sua génese no Movimento Slow Food, em 1986, em Itália.
Este movimento contrariava os valores e a cultura associadas ao fast food massificado e impessoal, e que depois se especificou também no conceito e selo de qualidade Slow Cities (cidades pequenas e com qualidade de vida).
Essa tendência tem vindo paulatinamente a espalhar-se pela Europa e pelo Mundo, alargando-se a outras áreas ação: saúde, crianças e educação, turismo, preservação do património e das tradições, relacionamentos, conciliação da vida pessoal e profissional, lazer, vida familiar, etc (Slow Travel, Slow Schools, Simple Living, entre muitas outras vertentes).
O Slow Movement é uma corrente mundial e contemporânea assente numa filosofia de vida que desafia a cultura da velocidade, do excesso e da quantidade sobre a qualidade.
No mundo atual, frenético, da pressa e da sobrecarga, essa filosofia defende que tentemos viver no ritmo certo, privilegiando a qualidade, o equilíbrio e o bem-estar nas diferentes áreas da vida.
As suas manifestações inserem-se sempre numa lógica de desenvolvimento sustentável e solidário dinamizado pelas comunidades locais, e em articulação com o movimento de globalização que hoje vivemos (como complemento).
Não é objetivo do Slow Movement ir contra o que tem sido conquistado até ao momento presente, existindo um reconhecimento das importantes virtudes do mundo ocidental nas conquistas e vitórias em batalhas pelos direitos humanos, equidade e qualidade de vida. Porém, o Slow Movement surge como a expressão de um modelo alternativo perante as dificuldades do mundo de hoje e do atual modelo de desenvolvimento. Essas dificuldades são bem visíveis nas assimetrias e desequilíbrios que vivemos, quer no Norte, quer no Sul do mundo.
O Slow Movement é um conceito atual e humanista a aguardar novas formas de aplicação prática e é uma tendência crescente em todo o mundo, sendo muito pertinente na atual conjuntura social e económica. Os adeptos do movimento não encaixam num perfil único, mas identificam-se com os seus princípios e com a ideia geral de que é necessário abrandar e dar mais valor ao essencial, à qualidade e ao que realmente é importante.
Só numa sociedade que não seja demasiado rápida e excessiva se consegue esse aprofundamento, qualidade e significado, quer seja no mundo do trabalho, nas relações pessoais, nos hábitos de consumo ou na forma de viver os territórios e as comunidades.
Viver num ritmo slow é procurar viver num ritmo equilibrado que seja bom para o corpo e bom para a mente (saúde), bom para os relacionamentos, para as sociedades e comunidades (desenvolvimento pessoal, social e local), e para o planeta (ambiente, sustentabilidade), é um modelo de equilíbrio para viver melhor sabendo quando é necessário abrandar ou acelerar, não deixando que o abrandamento se torne estagnação, nem deixando que a aceleração se torne maníaca. Trata-se de defender a vivência de um tempo com maior qualidade para nós próprios, para os ‘nossos ‘ (família, amigos, vizinhos) e para os outros (iniciativas de solidariedade, humanitárias, de ação social), com permanente preocupação de incentivar lógicas de desenvolvimento sustentável.

Em 2009 um grupo de pessoas com experiência no associativismo, gestão e avaliação de projetos de intervenção comunitária e educação resolveu levar à prática a filosofia do Movimento Slow criando a Associação ‘Slow Movement Portugal’, uma Organização Não Governamental (ONG).
A Slow Movement Portugal nasce assim com o intuíto de preencher um lugar ainda não ocupado no panorama nacional, acompanhando uma tendência que se intensifica e dissemina internacionalmente tanto de maneira formal como informal e espontaneamente.
Pretende divulgar, ser um ponto de encontro e partilha e fortalecer diferentes iniciativas identificadas com a atitude slow, já existentes ou a criar por forma a dar-lhes visibilidade, coerência e impacto.
Consideramos que faz todo o sentido uma organização no âmbito do Slow Movement, pois este defende estilos de vida baseados na simplicidade, sustentabilidade, solidariedade e qualidade muito pertinentes nos nossos dias.
Em resumo, o Slow Movement é um movimento internacional que a ONG Slow Movement Portugal traz para o nosso país e que visa, no essencial, promover uma utilização do Tempo com maior qualidade, privilegiando esta em detrimento da quantidade e visando combater a pobreza e as desigualdades temporais.
Os valores que defende passam:
- Pela valorização de um desenvolvimento durável e sustentável, ao invés de um crescimento de desgaste rápido.
- Pelo respeito pelas diferentes diversidades, biodiversidades e diversidades ambientais, locais, culturais e individuais.
- Pela proximidade e pela humanização, pelo cuidado e atenção personalizada e flexível, por oposição à produção em série, à impessoalidade e à desumanização.
- Pela qualidade ao invés da quantidade; em vez de mais, melhor.
- Pelo respeito pelos ritmos naturais, pessoais e sociais.
- Pela conciliação e integração das diferentes áreas de vida (educação, saúde, relacionamentos, família, trabalho, lazer) numa perspetiva multidimensional e holística.
- Pelo equilíbrio e moderação entre os extremos e os excessos, de forma a minimizar as assimetrias e os fundamentalismos.
- Pelo bem-estar e pela realização do potencial do indivíduo, do território e da comunidade.
- Pela valorização da simplicidade voluntária e uso responsável dos recursos materiais.